quinta-feira, 8 de maio de 2014

“Mossoró rejeitou o acordão. Estado também rejeitará”, disse Fernando Mineiro

Por Alex Viana, d'O Jornal de Hoje

O sentimento do povo de Mossoró, ao derrotar o palanque formado pelo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), pela ex-governadora Wilma de Faria (PSB) e pelo deputado federal João Maia (PR), é de mudança. A derrota da candidata Larissa Rosado (PSB), apoiada por essas lideranças, significa a insatisfação da população quanto às tradicionais oligarquias estaduais, representadas pelas famílias Alves, Maias e Rosados. Para o deputado estadual Fernando Mineiro (PT), a vitória do PSD de Robinson Faria e do PT de Fátima Bezerra “mostra um sentimento que tem no Estado, que é o sentimento da mudança”. Ele afirma: “A chapa PSD-PT teve a sorte – digamos assim – política, o conhecimento político, para poder se colocar como portador das mudanças para Mossoró”.


Propagar que o resultado da eleição em Mossoró não terá influência nas eleições de outubro, na avaliação do deputado Fernando Mineiro, “é tentar tapar o sol com a peneira, não reconhecer o que está acontecendo, mostra uma cegueira de não reconhecer o que está acontecendo no Rio Grande do Norte”, disse. “A vitória dessas forças políticas em Mossoró sinaliza a possibilidade de vitória também no Estado”, afirmou. “É lógico que foi uma eleição municipal. A eleição de outubro vai ser uma eleição estadual. Acho que a vitória em Mossoró contribui muito e terá reflexos muito fortes na eleição estadual. Mostra que o nosso povo quer renovação e é o nosso desejo”, acrescentou. As declarações do petista foram dadas em entrevista ao “RN em Debate”, da TV União.

ELEITOR

Mineiro acrescenta que o resultado do pleito em Mossoró é a primeira sinalização de que o eleitor vai se comportar de forma diferente nas eleições estaduais. “Quem imaginava que ia acontecer isso lá em Mossoró? Certamente há dois ou três meses atrás, eu, você ou qualquer um que falasse que o Silveira e o Luiz Carlos iriam ganhar as eleições colocaria em dúvida. Não é um colégio eleitoral qualquer, é uma cidade que tem um impacto em toda a região do Oeste e tem um impacto em todo o Estado do Rio Grande do Norte. Eu não tenho dúvida nenhuma de que isso é uma primeira sinalização de que o eleitor vai se comportar de forma diferente. Aquele que acha que o eleitor do Rio Grande do Norte é o mesmo de 30, 40 anos atrás vai quebrar a cara nas eleições de outubro”, alertou.

Ao se reportar, indiretamente, às palavras de Henrique, que considerou factoide afirmar que Mossoró influenciará o Estado, Mineiro disse: “Existe uma tentativa de minimizar o resultado eleitoral de Mossoró”. Sobre isso, o petista disse achar “até bom”, porque prefere que os adversários “continuem não enxergando o que está acontecendo”. Ainda sobre o pleito de Mossoró, Mineiro observou existirem duas manipulações muito grosseiras da realidade. A primeira é dizer que não tem nada a ver com a eleição estadual, conforme afirmou o pré-candidato do PMDB a governador. “Você imagina se o resultado eleitoral fosse o contrário. Eles estavam fazendo carreata até hoje, descendo o famoso Alto de São Manoel todos os dias dizendo que a candidata deles tinham ganhado as eleições”.

Por outro lado, conclui Mineiro, tentar contabilizar os 50 mil votos nulos, brancos e abstenções como votos que seriam dados a Cláudia Regina, conforme fez a governadora Rosalba Ciarlini nesta terça em entrevista ao Jornal da Cidade (94 FM), reproduzida em O Jornal de Hoje, é outra manipulação. “Você sabe que brancos, nulos e abstenções em 2012 foram cerca de 30 mil votos. Agora na eleição suplementar foi 50 mil votos. Então se você fizer as contas a Cláudia Regina teria, se fosse assim expressando o sentimento de revolta pela não presença da candidata nas eleições, seria de 20 mil votos. Então eu acho até que é menosprezar a Cláudia Regina, porque se ela fosse candidata eu acho que ela teria mais do que 20 mil votos. Na verdade os apoiadores de Cláudia Regina, ao tentar enaltecê-la, a menosprezam”, disse.

 “Mossoró rejeitou o acordão. Estado também rejeitará”

A ideia de acordão entre Henrique, Wilma e João Maia, candidatos ao governo, ao Senado e a vice-governador, respectivamente, cujo palanque será apoiado por sete ex-governadores (a saber, Lavoisier Maia, Vivaldo Costa, José Agripino, Geraldo Melo, Garibaldi Filho, Wilma de Faria, Rosalba Ciarlini), na visão de Mineiro, foi rejeitada em Mossoró e também o será no Estado, em outubro que vem. “Eu acho que Mossoró deu uma sinalização de rejeição do acordão. O acordão é estadual, o Estado é quem vai derrotar o acordão em outubro”, disse o petista.

Na visão de Mineiro, o palanque de Henrique e Wilma representa os últimos 40 anos da política norte-rio-grandense. “Tenho sentido a rejeição do palanque de três cabeças no Estado do Rio Grande do Norte, porque é um palanque da conveniência. O que os unifica? Quais são os projetos? Você já viu os pré-candidatos falarem alguma coisa conjuntamente sobre o Rio Grande do Norte? Não tem nenhuma palavra, eu não ouvi nenhuma proposta dos três pré-candidatos falando sobre o Rio Grande do Norte”, disse. “É o palanque da conveniência e da acomodação e isso as pessoas percebem. Quem faz isso e acha que está tudo bacana é porque vive em um mundo de gabinete, vive em uma gaiola, um aquário, uma bolha que criou para si e não dialoga com o povo para ouvir as demandas da população”.

Nas eleições estaduais, de acordo com Mineiro, “quem estiver em sintonia com o anseio de mudanças. Hoje eu não tenho dúvida de que a maioria da população é contrária ao palanque da acomodação”. “O que eu tenho visto e tenho ouvido em todo o Estado é isso, um clima de mudança no Rio Grande do Norte e que Mossoró foi a primeira expressão. É lógico que foi uma eleição municipal, nossa eleição de outubro vai ser uma eleição estadual, mas eu acho que isso contribui muito e tem reflexos muito fortes na eleição estadual, mostra que o nosso povo quer renovação e é o nosso desejo”.